quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ivete Sangalo e o trio mais moderno de Salvador

O Demolidor 3, novo trio elétrico de Ivete Sangalo, não é somente o mais moderno de Salvador. É o mais luxuoso também. Além de contar com uma tecnologia que reduz os impactos ambientais, o veículo conta com vários mimos para garantir o conforto da cantora nos momentos de concentração.
As duas portas laterais (como se fosse uma parede que abre e se transforma num elevador) levantam a cantora no nível do público e retornam para o palco com um simples botão no piso, onde a própria Ivete decide com um passo quando quer subir ou descer.
A potência do som é garantida por caixas de som que saem de dentro do trio, no melhor estilo "transformers", três geradores de energia com comando digital, 300 auto-falantes, som digital, 128 drivers importados e 343.600 watts de som!
Na parte interna, a artista tem a mordomia de um camarim privativo com chuveiro, uma verdade suíte de luxo! O lounge confortável acomoda a equipe técnica e músicos. Pelo ambiente não há miséria: 3 TVs de LCD, Home Theater, 198 canais de TV a cabo via satélite, internet sem fio, ar condicionado, 4 banheiros (sendo um com chuveiro), reservatório com 2.000 litros de água, adega climatizada para vinho, geladeira, arara para figurino artístico, luz de cromoterapia, área vip para convidados assistirem ao show no palco, entre outros luxos dignos de rainha!

Curiosidades

Ainda jovens, Dodô e Osmar se conhecem na Península de Itapagipe e começam a tocar juntos no conjunto musical Três e Meio. Osmar tocava cavaquinho e Dodô, violão. O grupo de choro se apresentava no Tabaris, ponto de encontro dos boêmios da Praça Castro Alves.
Em 1959, Dodô & Osmar tocam no Carnaval de Recife. Desafiados pelo maestro Nelson Ferreira, autor dos frevos de maior sucesso do repertório do Trio Elétrico nos anos 50, os baianos colocaram, sem grande dificuldade, uma multidão nas ruas da capital pernambucana.
Em 1960, o trio elétrico Dodô & Osmar deixou de sair no Carnaval de Salvador, uma vez que os dois se dedicaram ao exercício da profissão, o que não combinava com o Carnaval, que era considerado uma diversão.
Armandinho, filho de Osmar, começou a seguir os passos do pai aos 10 anos, e levaria o nome de Dodô & Osmar no trio mirim projetado pelo pai.
O trio ficou famoso no Brasil inteiro quando Caetano Veloso gravou o Frevo do Trio Elétrico, de autoria de Osmar, despertando a atenção da mídia de todo o país para a invenção baiana. Outro clássico de Caetano, Atrás do Trio Elétrico, impulsionou, de forma decisiva, o retorno do trio de Dodô & Osmar às ruas.
Em 1975, ano do Jubileu de Prata do Trio Elétrico, Dodô & Osmar voltam a sair às ruas de Salvador e gravam o primeiro disco, Jubileu de Prata. O último disco do trio elétrico presenciado por Osmar, Estado de Graça, foi gravado em 1991.
O pai do trio elétrico é um repórter francês, de nome Remir Colaponca, pelo menos no registro. Ele pediu autorização a Osmar para ser representante do Trio Elétrico na França, em 1990. Com o documento assinado por Osmar, o francês registra o nome Trio Elétrico em seu país.

Efeitos auditivos e restrições


O Trio é um palco sobre rodas, com uma potência de 100.000 Watts rms em 360 graus, para espetáculos musicais. Oferece a possibilidade de realizar espetáculos em movimento ou parado, bem como de atuar em diferentes locais no mesmo dia. Isto só é possível porque as infra-estruturas estão sempre prontas a funcionar. Versatilidade, flexibilidade, mobilidade e alta qualidade de som, são as principais características deste inédito produto na Europa, que garante um desempenho de alto nível profissional.
Nos anos 1960 os amplificadores usados tinham uma potência de 100 watts. Nos anos 1970 atingiam 20 a 30 mil watts, possuindo dez anos mais tarde valores entre 100 a 500 mil watts, capazes de provocarem danos à audição, sobretudo dos músicos.
A pressão sonora sofrida pelos músicos dos trios superam aos de musicas de rock e de orquestras, resultando tal exposição em sintomas como dor de cabeça, sensação de plenitude auditiva e tontura, alem da presença de zumbidos com a perda da capacidade auditiva. Tais efeitos tornam necessárias medidas de proteção auricular por parte dos profissionais que tocam sobre os trios.
Também entre os foliões e ouvintes involuntários (tais como moradores próximos ao trajeto dos trios) estão sujeitos aos efeitos nocivos do volume sonoro a que estão expostos, merecendo cuidados. Algumas cidades históricas têm proibido os trios em suas ruas, visando proteger os prédios das fortes vibrações causadas pela potencia sonora excessiva.

Origem do trio elétrico

Trio elétrico é o nome pelo qual, no Brasil, é chamado o caminhão adaptado com aparelhos de sonorização para a apresentação de música ao vivo, através de alto-falantes, em que são executados samba, frevos e outros ritmos. É um dos maiores fenômenos de massa do Brasil. Teve sua origem em Salvador, no ano de 1951 e, ao longo das décadas, evoluiu ao ponto de se tornar um dos grandes atrativos do Carnaval da Bahia e outras festas do país.
No começo de 1950 o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife partira para uma apresentação no Rio de Janeiro e, como a embarcação em que viajavam faria uma escala na capital baiana, a Prefeitura convidou-os para realizarem uma apresentação enquanto esta durasse. Assim, no dia 31 de janeiro daquele ano realizam um desfile pelas ruas de Salvador, como registrou Leonardo Dantas Silva: "rico estandarte alçado ao vento, morcego abrindo a multidão, balizas puxando dois cordões (...) tudo ao som de uma fanfarra de 65 músicos que, com seus metais em brasa, viriam naquele momento revolucionar a própria história da música popular brasileira."
Logo a multidão empolgada acompanhava o cortejo, ao qual vieram os próprios músicos se misturar, em grande folia. Rumava o desfile para seu ponto alto na Rua Chile, então a principal artéria da cidade. Mas um incidente no qual um dos músicos pernambucanos se feriu fez com que o grupo interrompesse a apresentação, frustrando os que lá aguardavam sua passagem.
Vendo a animação com que o público reagira ao frevo pernambucano, e para suprir a frustração provocada pela interrupção do desfile, Antonio Adolfo Nascimento - Dodô - e seu amigo Osmar Álvares Macêdo adaptam uma "forbica" ligando à Bateria do automóvel um violão e um protótipo de guitarra e saíram pelas ruas executando o ritmo recifense, com enorme sucesso. Estava, assim, instituída a dupla elétrica Dodô e Osmar.
No ano seguinte, com o apoio da fábrica de refrigerantes Fratelli Vita, incorporam mais um músico, Temistoles Aragão, tocava baixo com pau eletrico fabricado por Dodo, com a sua inclusão, Osmar mudou o nome de Dupla Eletrica para Trio Eletrico. Inaugurando o nome com que seria imortalizado, de trio elétrico. Em 1959 apresentam-se em Recife, com patrocínio da Coca-Cola, fechando o ciclo das influências carnavalescas.
Os trios vão ampliando em tamanho, na década de 1960, pelo uso de caminhões cada vez maiores. Ligados a blocos identificados por camisões coloridos - as mortalhas - os grupos passam a se isolar dos demais foliões por meio de cordas de separação. Destaca-se, desde então, o Trio Elétrico Tapajós, que é contratado pela prefeitura recifense para se apresentar naquela cidade. Em 1969 a canção Atrás do Trio Elétrico, de Caetano Veloso, divulga em todo o Brasil o fenômeno até então restrito aos dois estados nordestinos.
Na década seguinte tem início a profissionalização, sendo o Trio Tapajós transformado numa empresa, em 1976. No ano 1978 Moraes Moreira leva o cantor para o trio, com a canção Assim pintou Moçambique. Tem início uma nova fase do Carnaval Baiano, e do próprio trio, renovado com a presença vocal, na figura de Moraes, que apresenta sucessos cantados pela primeira vez no "palco móvel" dos trios, como "Varre, Varre Vassourinha" - homenagem ao Clube recifense que deu início a tudo - pois até então os trios eram exclusivamente instrumentais, como relembra o compositor Manno Góes.
Moraes ligara-se ao guitarrista Armandinho, filho de Osmar Macedo, e experimentaram a inovação de trazer um cantor sobre o trio. O artista relata ainda que a ideia surgira anteriormente, em conversa com Gilberto Gil, onde esse observava que seria necessário "botar uma força no trio", pois já não aguentava mais escutar as mesmas coisas sendo tocadas. Moraes Moreira foi o primeiro cantor do Trio Eletrico.